Amigas Auditoras, amigos Auditores, estamos novamente em período eleitoral, momento em que escolheremos quem vai conduzir nosso sindicato pelos próximos três anos.
Quando nos comparamos a outras categorias, fica claro que estamos perdendo espaço. Ao invés de estabelecermos objetivos e focarmos nas ações que nos devolverão nossa importância, há muito perdida, estamos sempre envoltos em brigas inúteis que nos desgastam e desperdiçam energia.
Precisamos voltar nosso foco para recuperar a importância do nosso cargo, sem ideologias, sem partidarismos, sem abraçar bandeiras desconectadas dos interesses dos Auditores-Fiscais. Esse desafio se complementa por rediscutirmos as relações que temos com o Parlamento, com os demais Poderes e, principalmente, com a administração do nosso Órgão, afinal, nossa valorização precisa começar dentro de nossa Casa.
Nós movimentamos o mais importante Órgão da República, aquele que carreia aos cofres públicos mais de dois trilhões de Reais por ano. Isso, por si só, deveria ser suficiente para sermos reconhecidos. Mas isso não acontece. Já se perguntaram por quê?
A cultura da Receita Federal não é a de construir relações, é de enclausuramento, como se fôssemos a única engrenagem do sistema. O tempo e as experiências mostram que essa cultura do ensimesmamento não tem funcionado. Estamos desconectados dos demais órgãos do Executivo, do Parlamento e do Judiciário e isso dificulta nossos avanços. Se o diálogo é a base de qualquer relacionamento, proponho mais uma reflexão: A Receita Federal está disposta a dialogar com os demais atores da política tributária?
O Parlamento é, talvez, o principal agente com quem temos que dialogar. É no Congresso Nacional que se operam as mudanças capazes de revolucionar nosso cargo. Precisamos voltar a ter protagonismo técnico, a nos relacionar com todos os partidos e não somente com aqueles por quem temos predileções. Somos mais de 20 mil filiados e quem está no comando da entidade precisa se abster de paixões ideológicas. O único partido a defendermos é o cargo de Auditor-Fiscal.
Ingressei na Receita Federal em 2006 e desde 2007 atuo no Parlamento, sempre na defesa do nosso cargo e da nossa casa. Quero colocar à disposição dos meus colegas Auditores essa experiência de quase duas décadas para mudarmos a percepção que a sociedade tem dos Auditores-Fiscais e da própria Receita Federal, a partir do aperfeiçoamento da relação entre o fisco e o contribuinte.
O nosso futuro passa, portanto, por fazermos uma autorreflexão, construirmos novas alianças, definirmos objetivos e desenvolvermos estratégias que nos unam e nos fortaleçam.
De 2019 a 2021, período mais adverso da história dos servidores públicos, em especial dos Auditores-Fiscais da Receita Federal, demonstramos uma inequívoca capacidade de diálogo e superação de desafios. Nesse período, os Auditores foram ameaçados por inspeções de terceirizados da ANAC nos aeroportos, de terem cortes de salário, de terem o fim da estabilidade no cargo público, de serem impedidos de fazer representações fiscais ao Ministério Público e, talvez a mais nociva das ofensivas, de perderem o FUNDAF. E nós conseguimos superar todas essas adversidades graças à confiança no trabalho organizado e estruturado pela Direção Nacional da época, de qual orgulhosamente eu fazia parte.
Compreendemos as dificuldades e desafios que temos pela frente e isso não nos fará vender ilusões nem a aposentados nem a ativos. Prometemos a disposição de lutar por aquilo em que acreditamos, com dedicação, inteligência, ouvindo os colegas e agindo com paixão pelo cargo, e não movidos por partidos ou ideologias.